Diário Aromático - como fazer o seu


 

O que é o diário aromático? Nada mais do que um caderno onde possa registrar seus caminhos e aventuras no mundo dos cheiros. 

Manter o registro de suas investigações é interessante para poder acompanhar sua evolução nos processos mas, também, para notar como pequenas mudanças subjetivas podem ocorrer. A área do olfato é cheia de subjetividade e o efeito dos óleos essenciais em nós pode mudar conforme as nossas diferentes fases. 
O diário olfativo é uma ferramenta pessoal de descobrimento... podemos registrar nele tudo que sentimos e descobrimos com cada aroma, lembranças pessoais que eles acessam, alegrias, dores, enfim, qualquer coisa que nos ocorra enquanto os vivenciamos. 
Gosto, pessoalmente, de rever minhas anotações de tempos em tempos. Ler o que eu senti e, depois, repetir o exercício e ver se algo mudou na minha percepção, se notei algo a mais ou a menos, se a sensação ou a atmosfera evocada é ainda a mesma, se a vivência ficou mais vívida ou opaca... 
A prática é útil tanto para a perfumaria natural – principalmente quando a trabalhamos de forma mais holística – quanto para a aromaterapia. Ao mesmo tempo, pode ser pensado também como um espaço para recuperar partes da nossa história pessoal, uma pequena testemunha de nosso desenvolvimento e nossas experiências. 
Para a composição de perfumes é também uma ferramenta essencial. Cada formulação deve ser anotada com o máximo de precisão para que possa depois ser reproduzida ou modificada. Um perfume pode levar muito tempo para ser desenvolvido e é crucial que tenha o registro preciso de todo seu processo. 
Em eras anteriores, nas quais a prática do perfume era ainda alquimia, a tradição ditava a criação de um Livro dos Segredos. Nele, os alquimistas registravam suas fórmulas secretas, todas as suas invenções e experiências, guardadas como um tesouro para o futuro e provas também de suas autorias. 
O diário aromático pode também ser um livro de segredos, uma coletânea não só de suas vivências e aprendizados mas de suas criações. 
Para mim, prefiro manter as coisas separadas. Meu diário é um diário, sinto mais liberdade em anotar coisas de maior subjetividade pessoal nele. É também um espaço dedicado a uma espécie de vivência mais passiva – contém aquilo que me é suscitado pelos aromas ou aquilo que neles encontro. Meu livro de segredos, por outro lado, é um caderno de cálculos, estudos, tentativas e tabelas, cheio de explicações, dúvidas, fracassos e conquistas, mas essencialmente um espaço de ação – nele, sou eu a protagonista e a propulsora de ação. 
A diferença entre os dois se manifesta também no tipo de ritual pelo qual passo quando utilizo um e outro. Para o diário, não preciso de nenhum preparo que não a escolha de um aroma para explorar. Sento em um lugar quieto, cheiro e anoto. 
Para o livro de segredos, que considero mais um caderno de trabalho, preciso estar sentada com óleos, frascos, balança... o tempo é longo e o processo muito mais árduo e ativo. Ainda que a perfumaria seja uma forma de deleite, a criação em si não deixa de ser trabalho, por mais meditativo e mágico que possa ser. 
Qualquer que seja a sua forma de trabalhar e vivenciar o aroma, recomendo fortemente que tenha seus registros guardados em um caderno. Faça dele parte de seu ritual de descobrimento dos aromas... a mim parece que a prática aprofunda a experiência e me satisfaz imensamente poder ver o acúmulo de conhecimento e estudo em um só lugar... é um diário que guardo com imenso carinho (mesmo tendo derrubado tantos óleos diferentes em suas páginas sem querer...). Penso nele como algo que, no futuro, me recordará das origens do meu processo e me mostrará quão longe eu trilhei. 

Se ainda tem dúvidas sobre como começar o seu diário, sugiro que, antes de mais nada, escolha um caderno que te agrade (o que não exige que seja um caderno super especial ou caro). O meu diário aromático eu mesma fiz com algumas folhas do meu papel preferido (polén bold 90g) e uma folha de papel kraft 120g. Dobrei, refilei, costurei e, voilà, tinha uma caderno. 
Deixe a primeira folha em branco – depois poderá voltar para ela e escrever um título, fazer um desenho ou qualquer coisa que te inspirar. 
Começando na segunda folha, escreva o nome do aroma que irá explorar, com a data, a diluição ou a forma na qual se encontra o aroma, o fornecedor se isto se aplicar... Coloque todas as informações que possam te interessar no futuro. 
Terminada a parte burocrática, basta que mergulhe no aroma escolhido anotando tudo aquilo que encontrar! 

Para algumas sugestões de exercícios olfativos a serem tentados, não deixe de dar um pulo neste post!

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